Diretor diz que programa não funcionou e que alunos sentem vergonha.
Prestes a entregar mais 2,6 mil bicicletas, GDF diz que projeto teve sucesso.
Bicicletário
de uma das escolas contempladas pelo programa Caminho da Escola, um ano
após a doação dos veículos (Foto: Isabella Formiga/G1)
A proposta inicial do projeto, no entanto, era diferente: alunos com mais de 14 anos que morassem a até sete quilômetros da escola receberiam as bicicletas e capacetes com a condição de devolvê-los ao final do ano. O lançamento ocorreu em agosto de 2011, quando os veículos foram entregues pelo então ministro da Educação Fernando Haddad e pelo governador Agnelo Queiroz. Depois, elas foram recolhidas e passaram meses sem uso porque, segundo o GDF, os estudantes não haviam passado por treinamento.
Fernando Haddad e o governador, Agnelo Queiroz,
durante passeio de bicicleta após o lançamento do
programa (Foto: Andre Dusek/Agência Estado/AE)
Entre as razões apontadas por funcionários e estudantes ouvidos pelo G1
para a baixa utilização estão medo de assalto e vergonha. O diretor do
Centro de Ensino 111, Paulo Vinicius, disse acreditar que os alunos se
sentiam constrangidos, porque eram chamados pelos colegas de carteiros.
"Muitos chegaram a customizar as bicicletas porque tinham vergonha da
cor, das peças ruins que estragavam rápido, da qualidade e do
acabamento."durante passeio de bicicleta após o lançamento do
programa (Foto: Andre Dusek/Agência Estado/AE)
Para o diretor, o programa nunca funcionou de verdade. "As bicicletas tiveram pouquíssima utilização. Questões como insegurança, medo de assalto e falta de conscientização dos motoristas atrapalharam o uso", disse. Segundo ele, não há uma cultura local favorável ao uso dos equipamentos, que seriam perigosos por causa do risco de acidentes de trânsito. Por isso, muitos alunos continuam indo à escola de ônibus ou a pé.
O estudante Hugo Vieira, de 15 anos, disse que não conhece ninguém que usa a bicicleta. O colega Everton Leal, de 16 anos, afirmou que alguns amigos até chegaram a usar o equipamento quando foram entregues, mas depois os abandonaram. "Acho que por vergonha", opinou.
A funcionária do Centro de Ensino 111 Maria das Dores afirma que foram instaladas até placas de sinalização pelas ruas, mas nem isso estimulou o uso. Já o vice-diretor do Centro de Ensino 804, Laércio Alves, diz que o governo decidiu doar as bicicletas porque as escolas não tinham estrutura para armazená-las ou controlar a utilização delas. Ele afirmou que a maioria dos alunos contemplados já se formou.
Nas duas escolas, um único estudante foi encontrado usando o veículo. "É melhor do que andar a pé", disse Junior da Anunciação Sousa, de 16 anos. "A bicicleta é boa, nunca quebrou. Uso todo dia para ir e voltar da escola e do trabalho."
A Secretaria de Educação afirmou considerar o programa “bem sucedido”, apesar da situação. Até junho a pasta informou que serão entregues mais 2,6 mil bicicletas, por R$ 787 mil. As próximas doações ocorrem entre 14 e 16 de maio, em escolas do Paranoá.
Fonte: G1.com
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