quinta-feira, 30 de maio de 2013

Propaz leva cidadania para ribeirinhos de Breves

Eliseu Dias/Ag. Pará

O lavrador Lúcio Aires, 52 anos, aproveitou a presença da Caravana para obter a certidão de nascimento do único dos sete filhos que ainda não tinha o documento.

Moradora da comunidade de São Félix, zona ribeirinha do município de Breves, no arquipélago do Marajó, a dona de casa Marta Ferreira, 32 anos, sonhava com o dia em que os cinco filhos – o mais novo com 29 dias e o mais velho com 16 anos – pudessem, de fato, ser chamados de cidadãos. Para isso, faltava um item básico: a documentação. Com poucos recursos, ela e o marido, o braçal Benedito da Silva, de 34 anos, nunca tinham conseguido sequer se dirigir até a sede da cidade, que fica a cerca de duas horas de lancha do local onde vivem, para obter gratuitamente a certidão de nascimento dos filhos no cartório do município, como, aliás, determina a lei brasileira.
Essa espera, no entanto, teve fim nesta quarta-feira, 29, com a chegada à comunidade da Caravana do Propaz Cidadania. Graças a uma parceria entre o governo do Estado e a prefeitura de Breves, o programa está levando para toda a zona ribeirinha do município, o serviço de emissão de certidão de nascimento. “Pra nós é a realização de um sonho, porque nem as crianças a gente podia colocar na escola pois elas não tinham documento e era muito difícil conseguir isso por aqui”, contou a dona de casa.
De acordo com a assistente social da Secretaria de Estado de Assistência Social (Seas), Isolda Cunha, a ação faz parte da campanha que visa combater o chamado sub-registro no Pará, lançada no mês de abril pelo Governo do Estado. O sub-registro é a ausência de certidão de nascimento para crianças com idade entre zero e dez anos. Para alcançar o objetivo, o governo começou as ações pela região do Marajó. O trabalho teve início no município de Portel. Agora, está em Breves, onde vai permanecer até o dia 8 de junho e, depois, segue para Bagre, Melgaço e Curralinho. “Sem a certidão de nascimento as pessoas não podem acessar nenhum serviço ou benefício social”, explicou Isolda.
Para esse trabalho, o Governo do Estado conta com técnicos da Seas, da Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh) e ainda com a parceria da Defensoria Pública, que atua, por exemplo, na emissão da segunda via e retificações da certidão de nascimento, além dos registros extemporâneos, para pessoas com idade acima de dez anos e que nunca tiraram o documento.
Foi esse o caso do lavrador Almir Ramos da Silva, de 32 anos, que mora em uma comunidade isolada na zona ribeirinha de Breves. Ele soube que Caravana estaria no município e ainda de madrugada pegou uma embarcação rumo a São Félix para finalmente obter a sua certidão de nascimento. Com o documento nas mãos, ele quer mais. “Por causa da distância do lugar onde eu moro, sempre deixei para lá. Mas, sei que é importante e agora eu quero tirar o meu RG, carteira de trabalho e tudo mais que tiver direito”, comemorou.
A mesma ideia teve a família do jovem Denilson Aires, 15. Segundo o pai, o lavrador Lúcio Aires, de 52 anos, ele era o único dos sete filhos que ainda não tinha o documento. “Esse projeto foi uma bênção, pois, para quem é pobre, não é fácil ficar indo até a cidade para tirar o documento. Agora, finalmente, deu certo”, orgulhou-se o pai, acrescentando que, a partir de agora, o jovem vai correr atrás do restante da documentação que precisa, como as carteiras de identidade e de trabalho.
“Houve casos aqui que já nos marcaram bastante, como o de um homem que, aos 48 anos, nunca tinha obtido a certidão de nascimento”, lembrou a advogada Zeneide Almeida, da Defensoria Pública, órgão parceiro do Governo do Estado na ação. Segundo ela, na Caravana, além de atuar nos casos de registros extemporâneos, como o citado, a Defensoria Pública também trabalha na emissão da segunda via do documento, nas retificações e nas declarações de paternidade. “A Defensoria não só leva, como garante a cidadania das pessoas”, completou o outro advogado da Defensoria, Wady Charone, acrescentando que os moradores dos centros urbanos que precisam dos mesmos serviços oferecidos na Caravana podem procurar diretamente a sede do órgão.
Além do trabalho de emissão de certidão, a Caravana também oferece vacinação contra doenças comuns na região, como febre amarela, malária, hepatite, gripe (H1N1), e cadastramento nos programas sociais do governo federal.

Fonte: Agência Pará de Notícias

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