Sessenta mulheres de Portel, no
Marajó, assistem, a partir desta terça-feira (22) até a quinta-feira
(24), a um ciclo de oficinas de apresentação dos diagnósticos das
Unidades Produtivas Familiares (UPFs) que o escritório local da Empresa
de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater)
elaborou sobre a propriedade de cada uma delas. Elas também participam
da construção dos Planejamentos de Processos Produtivos relacionados a
atividades coletivas.
A programação integra mais
uma etapa de uma chamada pública do Ministério do Desenvolvimento
Agrário (MDA), em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Social e
Combate à Fome (MDS), de profissionalização da agricultura familiar
feminina do arquipélago e que visa a inclusão social e independência
socioeconômica: são 400 mulheres, consideradas em situação de extrema
pobreza, de sete municípios – Portel, Soure, Salvaterra, Cachoeira do
Arari, Santa Cruz do Arari, Breves e Melgaço.
As
oficinas em Soure e Salvaterra foram realizadas no começo de outubro. As
ações em Breves e Melgaço estão previstas para novembro. Até o fim do
ano, todas as envolvidas receberão, individualmente, a primeira parcela,
no valor de R$ 1 mil, de um fomento total de R$ 2.400, para aplicarem
conforme os Planejamentos de Processos Produtivos da comunidade de que
fazem parte.
“As selecionadas são extrativistas,
agricultoras tradicionais e pescadoras artesanais, com renda per capita
mensal de até R$ 70, baixíssima escolaridade e produção voltada para a
subsistência. Todas têm inscrição no Número de Identificação Social
[NIS] e recebem benefícios como o bolsa-família. Nossa atuação é bem
ampla e trata não somente da agricultura em si: temos foco em aspectos
de educação, saúde e documentação, entre outros. Estamos ajudando a
marajoara a assumir seu protagonismo nas discussões públicas”, explica a
responsável geral pela chamada pública, a economista Adda Ellen Lima.
De acordo com a coordenadora da chamada pública em Portel, Breves e
Melgaço, a engenheira florestal Fabrícia Barros, dificuldades como a
resistência dos maridos e a identificação das tradições já estabelecidas
associadas aos potenciais a serem desenvolvidos na região eram
previstas e vêm sendo contornadas. “Nossa equipe, por exemplo, inclui
pedagogos e psicólogos, que conversam com as famílias inteiras e
facilitam a aceitação de uma nova posição social, cultura e financeira
da trabalhadora rural”, diz.
Em Portel, as mulheres
foram divididas em três grupos, com 20 integrantes cada, representando
as comunidades Aratau, Acutiperera e Pacajá. As oficinas acontecem nas
três comunidades. A proposta é integrar interesses e sistemas de
trabalho entre as famílias que residem nas mesmas zonas.
“Porém, obviamente, o recorte geográfico do Marajó é diferenciado: as
propriedades ditas ‘vizinhas’ se localizam a muito tempo de remada numa
canoa, uma da outra. Um dos principais desafios da Emater, assim,
é ajudar os grupos a criar meios de realmente construírem uma identidade
produtiva, com as mulheres pensando e trabalhando juntas”, diz o
supervisor do escritório regional do Marajó, o sociólogo Alcir Borges.
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