A Delegacia de Meio Ambiente (Dema) instaurou inquérito policial
para investigar o vazamento de caulim que atingiu o igarapé Curuperé em
Vila do Conde, Barcarena. A substância vazou durante substituição de
tubulação feita pela empresa Rio Capim Caulim, do grupo Imerys, que
passa pela nascente do rio. Técnicos da Secretaria de Meio Ambiente
também estiveram no Curuperé para avaliar o incidente. Dois autos de
infração foram emitidos contra a Imerys.
Marcos Lemos, delegado de Crimes contra a Fauna e Flora da Dema
esteve no local ontem acompanhado de peritos do Centro de Perícias
Renato Chaves, que recolherem mostras da água e de sedimento do fundo do
rio para análise. “Na investigação vamos ouvir a comunidade atingida e
representantes da empresa. Com o resultado da análise da perícia em mãos
vamos avaliar que medidas tomar”, explicou o delegado, que não
estipulou prazo para a conclusão do inquérito.
A Imerys informou que após o acidente providenciou barreiras de
contenção de areia e a sucção do rejeito, evitando que a contaminação do
leito do rio fosse ainda maior. Os moradores reclamaram que acidente
com rompimento de tubulação é bastante comum na área. Criticaram ainda a
demora da Secretaria Municipal de Meio Ambiente em chegar ao local do
vazamento, mais de três horas depois do ocorrido.
A Imerys reafirmou ontem em nota que o material do vazamento (cerca
de 0.5 m3, composto por 95% de água e 5% de caulim) foi totalmente
removido em poucas horas.
Caulim já vazou antes e contaminou os igarapés
Num grave acidente em 2007, a Imerys Rio Capim Caulim, depois de
muito negar, admitiu o uso de pelo menos nove produtos químicos para
beneficiar o caulim. Os produtos se espalharam em toda a
bacia hidrográfica do rio Pará, numa quantidade estimada de 60 mil
metros cúbicos de caulim, poluindo os igarapés Curuperé e Dendê. As
afirmações foram feitas em depoimento na Divisão Especializada em Meio
Ambiente (Dema), ao delegado Marcos Lemos, que está apurando o incidente
de segunda e que também presidiu o inquérito policial sobre o caso há
seis anos. O diretor industrial da Imerys à época, Milton Constantin,
declarou que na produção e beneficiamento a empresa usa carbonato de
sódio (barrilha) e poliaclilato de sódio como ‘agentes dispersantes’,
ainda na mina, para separar o caulim da areia. Para evitar entupimento
do mineroduto é usado sulfato de alumínio e glutasaldeído no caulim para
impedir a corrosão. Já na planta da empresa, em Vila do Conde, são
usados óxidos de ferro e de titânio para separação dos resíduos de areia
e outros minerais que não interessam à empresa. Ainda é adicionado
poliacrilito e o caulim é alvejado com ácido sulfúrico, sulfato de
alumínio e hidrosulfito de sódio.
Fonte: (Diário do Pará)
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