"Ô Liberal, vai se f..., o paraense não precisa de você!”. “Rominho
v...!!”. “ORM bandida!”. “O povo não é bobo, abaixo a Rede Globo”. Os
gritos se repetiam à medida que os manifestantes chegavam às
proximidades da TV Liberal. O ato, que seguia pacífico na maior parte do
percurso traçado pela organização, apresentou os primeiros sinais de
tensão quando a multidão começou a passar em frente à emissora das
Organizações Maiorana.
Diante dos portões da TV Liberal, os manifestantes fizeram uma parada
de mais de 20 minutos para entoar gritos de guerra, xingamentos e
críticas contra a empresa e seu presidente, Rômulo Maiorana Junior,
envolvido recentemente em escândalos de fraudes na compra irregular de
um jato Gulfstream G – 200 e em corrupção nos contratos firmados com o
governo do Estado para exploração de táxi aéreo.
Vaias, apitaço, exibição de cartazes e faixas, além de muitos
palavrões dirigidos principalmente a Rominho. “Esse empresário, além de
arrogante, é um herdeiro das facilidades do regime militar. Ele e sua
empresa sempre estiveram contra os interesses do Pará. Ninguém esquece
isso”, afirmou Paulino Andrade, estudante universitário, que puxava o
coro de críticas aos Maiorana.
Desde a aproximação, os manifestantes deixavam claro que a emissora
não passaria incólume a críticas. “Ô Maiorana, ô cara dura. Filhote de
ditadura!”, gritava a multidão em alusão ao fato de a emissora ter tido
identificação do canal com o regime militar.
REPÚDIO
Uma corrente de mais de 80 policiais militares e da Ronda Tática
Metropolitana (Rotam) rapidamente se formou em frente ao prédio da TV,
procurando reforçar a segurança dos funcionários que se acotovelavam nas
janelas tentando ver o que se passava. Não chegou a ter confronto. Os
mais exaltados se limitaram a afixar faixas de repúdio sobre as grades
de proteção da empresa e xingar muito, a plenos pulmões, gritando em
coro o bordão mais popular da passeata - “Rominho v...!” -, fazendo com
as mãos gestos correspondentes ao xingamento.
“Ô Liberal, vai se f., o paraense não precisa de você!”, entoava um
grupo rapidamente seguido por outro. “Xô Maiorana! Você envergonha o
Estado do Pará”, repetia a universitária Natália Góes que fez questão de
permanecer em frente à emissora durante mais de 20 minutos.
”Essa é uma emissora que não representa o interesse do povo do Pará. É
uma burguesia que tenta manipular a massa. Precisamos dar um basta a
isso”, indignava-se a jovem, ao som de vaias que só cessaram após a
passagem do último manifestante. “Abaixo a manipulação de massa. Fora
Liberal”, ecoavam os gritos que voltaram a se repetir em frente à sede
da Prefeitura Municipal de Belém quando o grupo percebeu que uma equipe
da emissora já estava posicionada dentro do prédio.
“É uma emissora de m..., que só quer enganar quem está em casa. Vem
pra rua, Brasil, saber o que está acontecendo de verdade”, criticava o
estudante Luiz Gurgel. Ao seu lado, o secundarista Olavo Alencar
lembrava que tanto a TV Liberal quanto o jornal O Liberal são “farinha
do mesmo saco”. Segundo ele, “os veículos nunca estão do lado do povo,
sempre fazem tudo para prejudicar as pessoas. Mas a farsa não funciona
mais”.
Fonte: (Diário do Pará)
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