Adilson Moreno e Tony Brasil, expoentes do ritmo no Pará: reconhecimento do Estado garante a profissionalização dos artistas do gênero.
O presidente da Fundação Cultural Tancredo Neves, Nilson Chaves, defende
que o reconhecimento se estenda a outros ritmos musicais paraenses
A banda Gang do Eletro desponta na cena musical do país com uma mistura
de sons que tem no tecnomelody a base, além da proposta de mostrar a
A presidente da Funtelpa, Adelaide Oliveira, lembra que o tecnomelody sempre teve espaço nos projetos e programas da fundação
O tecnomelody, ritmo genuinamente
paraense, ganha cada vez mais espaço na cena musical brasileira e
mundial, além do reconhecimento como patrimônio cultural e artístico do
Estado, segundo a Lei Estadual n° 7.708, publicada no Diário Oficial do
Estado da última sexta-feira (24). Para artistas e entidades que atuam
no setor cultural, a nova legislação referenda a importância do gênero
para a cultura e representa uma revolução para a música paraense.
O presidente da Fundação Cultural do Pará Tancredo Neves, Nilson
Chaves, diz que é importante transformar em patrimônio cultural qualquer
manifestação que tenha uma identidade clara e representativa do Estado,
como é o caso do tecnomelody. “É muito positiva a atitude de reconhecer
um estilo desenvolvido aqui. Acredito que devemos estender isso também a
outros ritmos amazônicos, que também são importantes como o
tecnomelody, e que talvez tenham uma vida mais longa, há exemplo da
Marujada de Bragança e do siriá, retumbão e lundu”, diz.
Nilson Chaves avalia que a profissionalização dos artistas que
trabalham com o gênero já existe, independentemente do reconhecimento do
estilo como patrimônio imaterial do Estado. “É um estilo musical que
tem um forte apelo popular, que o povo paraense já consome. Esses
artistas estão bastante avançados em termos de profissionalização”,
considera.
A presidente da Fundação Paraense de
Radio Difusão (Funtelpa), Adelaide Oliveira, destaca que projetos como o
Festival Terruá Pará de Música e os executados pela TV, rádio e Portal
Cultura sempre se envolveram com o estilo, ajudando a divulgar essa
cultura. “A Mostra Terruá de Música, que vai até o próximo dia 30 de
julho, no teatro Margarida Schivasappa, do Centur, tem um percentual de
tecnomelody, pois a curadoria do evento achou que o ritmo representa
muito bem o que é apresentado pelo evento”, explica.
Nos anos anteriores do festival, lembra Adelaide, bandas de tecnomelody
sempre participaram. “Acho muito bacana esse reconhecimento, porque vai
profissionalizar a categoria, e acredito que seja muito interessante,
para eles, que as pessoas consumam e ajudem a fazer desse ritmo algo com
mais qualidade”, analisa a presidente da Funtelpa.
Um dos expoentes do estilo no Pará, Tony Brasil conta que o tecnomelody
foi criado para animar festas populares em Belém. Para ele, as bandas
atuais – como Tecno Show, ARK, Bruno & Trio, Ravelly, Jurandy &
Banda, Fruto Sensual, Eletro Batidão, Xeiro Verde e Viviane Batidão – e
também as aparelhagens sonoras Rubi, Tupinambá, Super Pop, Mega Príncipe
e Badalasom apresentam uma grande evolução do gênero.
“O que estamos vendo atualmente é uma evolução do tecnomelody, que
acabou chegando muito mais longe do que imaginávamos lá no inicio.
Pensávamos em fazer um som que o público jovem paraense curtisse, e hoje
vemos o Brasil inteiro cantar e dançar com o tecnomelody na trilha da
Gabi Amarantos, Gang do Eletro e outros”, comenta.
A
Gang do Eletro, inclusive, é um dos grupos que atualmente vêm
divulgando o ritmo paraense mundo afora. Segundo o produtor musical e DJ
da banda, Waldo Squash, a proposta é divulgar as misturas do tenomelody
com ritmos latinos, como cúmbia e reggaeton, e sons eletrônicos
oriundos da Europa, como o eletrohouse.
“A gente já
vem fazendo essas experimentações no Brasil e também fora do país, e
ainda temos muito material para mostrar. Esse reconhecimento representa
uma vitória muito grande. É um grande passo para que cada vez mais esse
ritmo se torne popular”, afirma ele, para quem o tecnomelody já faz
parte da vida dos paraenses. O objetivo agora é colocá-lo na playlist
dos brasileiros. “Acredito que os próximos passos devem ocorrer no
sentido de buscar formas de profissionalizar ainda mais os artistas
desse gênero musical”, conclui.
Fonte: Agência Pará de Notícias
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